O que significa o “Leilão 5G” e como isso impacta o ESG

O Leilão 5G abriu novas e importantes perspectivas para impulsionar vários setores e também impactar a agenda ESG no país. Conectividade, streaming, telemedicina, veículos autônomos… tudo muda com o 5G. Mas, antes de mais nada é preciso que fique claro que o 5G não é uma evolução do 4G. É uma nova tecnologia que vai impulsionar de vez a conectividade no Brasil. Veja abaixo por que.

Vamos entender melhor

Na nomenclatura XG, esse “G” é de geração e, quando se trata de tecnologia, isso evolui muito rápido. Veja que no início dos anos 2000 foi lançada a terceira geração de rede móvel (3G) que, em 2018, atingiu uma velocidade média de pouco acima de 8,82 Mb/s . Hoje essa rede cobre praticamente todo território nacional, de acordo com a ANATEL. 

10 anos depois já era lançada a geração 4G (rede LTE – Long Term Evolution), que melhorou principalmente a velocidade de conexão e o tráfego de dados. Isso permitiu, por exemplo, assistir vídeos em tempo real nos celulares. Para se ter uma ideia dessa evolução, a velocidade da rede 4G é mais que 2 vezes à da 3G, atingindo uma média de 19,8 Mb/s. Segundo o Ministério das comunicações, já em julho/21 teremos a disponibilidade (nas capitais) da quinta geração de rede móvel, ou 5G.

O 5G significa um salto exponencial

Repetindo, o 5G não é uma evolução do 4G e o salto será exponencial, pois essa tecnologia entrega uma velocidade de conexão 100 vezes maior que o 4G. Ou seja, saltamos de 19,8 Mb/s para 10 Gb/s (cada Gigabit/s corresponde a 125 Megabytes/s).

E não é somente a velocidade que será impactada. O 5G permitirá também uma maior capacidade de banda larga, mais dispositivos conectados ao mesmo tempo (show para IoT!), utilização de streaming com alta qualidade, menor tempo de latência (também conhecida como Ping).

Com isso, as conexões de baixa latência vão permitir inúmeras possibilidades. Além de um tempo de respostas em tempo real, traz benefícios para a telemedicina, fones de ouvidos, óculos de realidade aumentada, movimento instantâneo de um sistema de direção automática e comunicações entre carros autônomos (tanto carros comuns como veículos autônomos destinados ao agronegócio), serviços de inteligência artificial e nuvem, entre outros.

Entre todos os setores da economia que serão beneficiados por essa tecnologia, o agronegócio, sem nenhuma dúvida, é um dos principais e está rindo à toa. Um segmento fundamental da economia brasileira terá agora um mundo de oportunidades para o “agronegócio de precisão” e a possibilidade de consolidar o Brasil como o “restaurante do mundo”.

Números significativos foram obtidos no leilão – mais de R$ 47 bilhões arrecadados -, sendo que aproximadamente R$ 40 bilhões serão revertidos em investimentos para ampliar a infraestrutura de conectividade no Brasil.

E mais…

Em pleno hype do ESG, que convida as empresas a melhores práticas em três pilares: preocupações ambientais, responsabilidade social e uma governança com destaque especial para práticas mais transparentes, esse leilão significa impulsionar o desenvolvimento econômico do setor do agro pelo avanço na conectividade, geração de empregos, impostos e, principalmente, a inclusão digital que, por sua vez, tem tudo a ver com pilar social do ESG.

Uma das tecnologias que mais se beneficiarão com o 5G é a IoT (Internet das Coisas). Recomendo a leitura do artigo 7 Ways the IoT Makes Farming More Precise que mostra como essa tecnologia pode consolidar a agricultura e a pecuária de precisão. 

Mauro Carrusca é estrategista de inovação e empreendedorismo e CEO da KER Innovation.

É Engenheiro Eletrônico, Professor e Especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Babson College – USA.
Conselheiro de Empresas em Estratégia de Inovação e Visão de Futuro. Estrategista em ESG através da inovação colaborativa. Foi executivo e consultor da IBM – USA (Silicon
Valley) e IBM Brasil. CEO e founder da KER Innovation. Atua como Vice-presidente de AgTech da SUCESU Minas, membro do Conselho de Inovação da ACMINAS e do Conselho de
Presidentes MG e consultor da FGV. Idealizador da Plataforma KER – modelo de gestão colaborativo. Um dos realizadores do movimento de inovação aberta IDEAS FOR MILK da EMBRAPA. Idealizado do 1º coletor de dados nacional. Palestrante em eventos nacionais e internacionais.
Coautor do livro “Pinceladas de Inovação”.