O “terceiro homem” somos todos nós
A missão Apollo 11 é emblemática para mostrar que em uma equipe cada componente é fundamental. A coragem, a acurácia, o talento, a colaboração e a entrega de cada um, que aqui é entendido como o “terceiro homem”, é que fazem uma missão ser um sucesso (ou não).
Na KER, chamamos esse esforço de inovação colaborativa.
Por Márcia Vieira e Mauro Carrusca
10/04/2023
Pense em um aeroporto em pico de demanda sem controladores de voo. Imagine uma cirurgia longa e delicada sem anestesista, enfermeiros, instrumentistas. Visualize o restaurante mais requintado sem hostess, maitre, garçom, auxiliar de cozinha. Nenhuma dessas empreitadas funciona sem uma máquina de pessoas, cada uma devidamente preparada para desempenhar um papel, orquestrando um espetáculo para causar a melhor experiência em nós.
Em uma narrativa brilhante e visceral, o pianista Joe, do livro O pianista da estação, de Jean-Baptiste Andrea e Julia da Rosa Simões, lembra o papel do astronauta Michael Collins, que ficou conhecido como o “terceiro homem” da equipe da Apollo 11, que visitou a lua pela primeira vez, em 20 de julho de 1969.
Todo mundo se lembra do primeiro homem a pisar na lua: Neil Armstrong. Aprendemos isso na escola. Com alguma condescendência, lembramos do segundo homem: Edwin Aldrin. Mas o terceiro? Va lá… Em As 22 Leis Consagradas do Marketing, sucesso nos anos 1990, Al Ries e Jack Trout facilmente justificariam que o mundo é de quem chega primeiro. Será?
O papel decisivo do terceiro homem
Era o terceiro homem que pilotava o módulo Columbia, orbitando a lua, no momento que seus companheiros davam a famosa caminhada em solo lunar, protagonizando o famoso “One small step for a man, one giant leap for mankind”. Era Collins que esperava atento dentro de um cone de metal lançado a 5.700 quilômetros por hora, o momento mais delicado da missão: resgatar os companheiros num ponto do espaço do tamanho de uma cabeça de alfinete.
O menor erro, um nervosismo, uma hesitação, um erro de cálculo e o Columbia poderia colidir no módulo lunar, ou perdê-lo. Se Collins falhasse, não teríamos a volta gloriosa da expedição à Terra. Sem dúvida, a história teria sido outra. Mas, sobrevoando a face oculta da lua, “durante 47 minutos, sem qualquer possibilidade de comunicação com o resto do mundo”, Michael Collins cumpriu com a máxima eficiência e precisão seu papel.
De acordo com a Nasa, cerca de 400 mil cientistas, entre engenheiros, projetistas e matemáticos, trabalharam, direta ou indiretamente, no projeto Apollo, refletindo o grande número de sistemas e subsistemas necessários para as missões. Pessoas de diferentes empresas e perfis colaborando para “alcançar milagres técnicos e superar batalhas burocráticas, contratempos e tragédias assustadoras”.
8 outras missões tripuladas e não tripuladas precederam a Apollo 11. Uma delas, a Apollo 1, inclusive resultou na morte de três astronautas em um incêndio causado por uma falha elétrica no interior da cápsula em que estavam. Dois outros astronautas também perderam suas vidas em acidentes ao longo do programa. (Leia a história completa aqui)
Inovação é sobre pessoas, gente de carne e osso!
Relembramos esta belíssima história para mostrar a importância da equipe e da colaboração, sobretudo em projetos de inovação. Como todos sabemos, as coisas só acontecem porque equipes trabalham arduamente. A coragem, a acurácia, o talento, a colaboração e a entrega de cada um é que fazem uma missão ser um sucesso (ou um fracasso com o qual se aprende).
Peter Drucker falava que “Gestão é sobre seres humanos. Sua tarefa é tornar as pessoas capazes de desempenho conjunto”. O mesmo se aplica à inovação. Inovação é sobre relações baseadas em confiança e transparência, é sobre aprendizado contínuo com os acertos, falhas e insucessos, é sobre superar barreiras, perseverar frente a dificuldades imensas e vencer batalhas. E isso não se faz sem empatia, paciência, criatividade, experimentação, estímulos, persistência… Recorrendo a Nietzsche:humano, demasiado humano.
Em times e squads, é comum um gestor ter de gerir pessoas sobre as quais não tem nenhuma autoridade formal. Por isso, mais do que nunca, soft skills são necessárias para despertar o que há de melhor nas pessoas, captar sua atenção, convencê-las, motivá-las e mantê-las no jogo. Na KER, chamamos esse esforço de inovação colaborativa, um jeito de unir mentes em torno de um propósito e usar a inclusão e a diversidade como alavancas para transformar a organização, o mercado, o planeta, o futuro.
Seja em um projeto de redução de custos, seja em um projeto de mandar o homem (ou a mulher) ao espaço, seja em equipes de 3 ou em equipes de 10 mil, nunca podemos perder de vista que estamos falando de pessoas, cada uma com a sua singularidade, seus sonhos, crenças, valores, timing. Numa equipe, todas desempenham um papel importante. O terceiro homem foi fundamental para dar suporte ao primeiro e ao segundo. E para dar suporte à missão, milhares colaboraram.
Por isso, equipes não podem ser um simples ajuntamento de pessoas.
É importante ter critério, metodologia e sensibilidade na sua formação. Levantamentos da HBR mostram que “10% concordam com a composição do seu time” (Diane Coutou- HBR, 2009) e “75% da equipe multifuncional é disfuncional” (Behnam Tabrizi, HBR, 2015). Mecanismos para conectar e engajar pessoas fazem toda a diferença. As ferramentas desenvolvidas pela KER Innovation e que compõem a metodologia para se chegar à inovação colaborativa levam em consideração essas e outras questões.
Quantos “terceiros homens”, embora com papeis críticos, ficam totalmente anônimos e invisíveis nos pequenos e grandes feitos nas empresas?
Para terminar
Para tocar a alma e o coração das pessoas, gestores precisam mais do que quadros de missão, visão e manuais de compliance. Se formos capazes de fazer as pessoas se apaixonarem pelo propósito e trabalharem juntas, elas poderão começar a pensar diferente, arriscar suas carreiras, arregaçar as mangas e implementar ideias que podem literalmente mudar o nome do jogo.
Afinal, num mundo de mudanças rápidas e incertezas, apenas grandes inovações serão capazes de criar riqueza.
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Em tempo: Como o ESG implica em uma mudança cultural, a inovação colaborativa é aplicável na conscientização e implantação de projetos ESG.
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