Startups: Um novo mundo dentro do velho mundo
Artigo publicado em 25-09-2017
O sucesso retumbante de Despacito, primeira música em espanhol no topo das paradas americanas em 20 anos, e detentora de 3,8 bilhões de views no Youtube, enseja uma comparação curiosa com o movimento de startups, que aparece na atualidade nas paradas do mundo dos negócios. Têm em comum um mindset: ir longe.
Hoje, 9 em cada 10 executivos estão preocupados com startups e seu crescente poder.
O hit, batido e repetitivo, é do tipo chiclete clássico: gruda na cabeça da gente, amemos ou odiemos. Como curioso de plantão, fui atrás da história de Despacito e confirmei que, como tudo no sempre mutante mundo dos negócios, nada é mero acaso. Nas palavras de seus criadores, “Despacito foi gestado para ir longe”. Este é justamente o mindset das startpus.
No universo do empreendedorismo, pacito a pacito, as startups estão criando um novo mundo dentro do velho mundo, subvertendo o status quo do management e as lógicas da velocidade, do acesso, dos modelos de produção, comercialização e consumo. Para entender a dinâmica desse movimento é fundamental antes compreender o que significa a jornada de empreender e, sem firulas, o que é uma verdadeira startup.
Para começo de conversa
Empreender não é para qualquer um. Empreendo desde que entendi que ganhar a vida depende exclusivamente de nós mesmos. Dentre várias iniciativas na minha juventude, a que realmente avançou foi quando decidi deixar a IBM com a convicção (sonhadora!) de deixar minha contribuição para a sociedade. Persisti e resisti a vários momentos críticos, tanto pessoais como do contexto econômico (planos econômicos mirabolantes, inflação galopante…). Após 24 anos como empresário, posso afirmar que vejo algumas verdades e muitos mitos que pairam sobre o conceito de empreendedorismo e do sucesso do negócio e é por isso que faço algumas provocações a respeito do assunto. Uma grande ideia faz um grande empreendedor? Empreender é fácil? É para qualquer um? É ganhar muito dinheiro
e ficar rico? É não ter mais patrão? É ficar famoso? É poder contar com o PAI-trocínio ou com aportes de investidores? Um executivo de uma grande empresa é um “empreendedor natural”? Possuir as características marcantes do empreendedor como visão, resiliência, risco calculado, entre outras é o suficiente para empreender? Fica claro que o somatório de algumas respostas pode ajudar e, em outros casos, pode até atrapalhar na formação de um negócio de sucesso. Uma coisa é certa: não dá pra brincar de empreender. Sai muito caro e gera muitas frustações.
A professora Jessica Bruder da Universidade de Columbia no artigo The Psychological Price of Entrepreneurship traduz muito bem o ímpeto do empreender: “É como um homem cavalgando num leão. As pessoas pensam: ‘Esse cara é corajoso’. E ele está pensando: ‘Como eu vim parar em cima de um leão e como eu faço para ele não me devorar?’” . Seja qual for a situação, a grama do vizinho sempre parece mais verdinha do que realmente é.
O mesmo artigo cita problemas que são muito mais frequentes do que se imagina e que, a cada dia, mais e mais empreendedores começaram a falar sobre eles: a depressão e a ansiedade. Recomendo a leitura por considerar esses pontos fatores muito impactantes porque podem não somente impedir que o novo negócio prospere, mas inclusive, fazê-lo declinar.
Considero isso importante para podermos entender melhor o momento que estamos vivenciando com a chegada das startups. Até onde venho acompanhando e enxergando, muitos dos empreendedores que se dizem “empreendedores de uma startup” poderão passar por decepções justamente por não terem entendido (ou não conhecerem) a origem e o real significado de um negócio que podemos denominar como startup.
Só para se ter uma ideia, segundo uma pesquisa feita por Shikhar Ghosh, professor da Harvard Business School, a estatística é que, 3 em cada 4 startups fracassam e mais de 95% das startups ficam aquém de suas projeções iniciais. Corroborando essa tese, outro estudo da FDC com 221 startups mostrou que 25% das startups brasileiras morrem antes do primeiro ano de vida e que 50% antes de completar 4 anos de existência. O estudo apontou o local de instalação, o número de sócios e o volume do capital investido como as 3 principais causas dessa alta taxa de mortalidade. Como há mais de uma década acompanho esse movimento, cito ainda outras três causas que, ao meu ver, contribuem para engrossar essa estatística: acreditar numa ideia sem uma visão crítica do seu grau de inovação, a fragilidade na proposta de valor e a falta de definição do tamanho do mercado em questão.
Quando um novo negócio é uma startup?
O termo startup começou a ser utilizado por volta dos anos 90 nos Estados Unidos, época da “bolha da internet” e designava empresas recém-criadas por empreendedores com ideias inovadoras e que prometiam um crescimento muito rápido. Os empreendedores com ideias mais inovadoras conseguiam até financiamento para seus projetos, desde que se mostrassem sustentáveis, com possibilidade crescimento e de retorno rápido.
A grande explosão desse movimento aconteceu no Vale do Silício e me considero um privilegiado, pois na época era engenheiro da IBM Silicon Valley e vi de perto esse movimento se expandir. Foi lá que nasceram empresas como Apple, Microsoft, Tesla, Google, Facebook, Uber e tantas outras. Todas começaram como startups e hoje são líderes globais. Os empreendedores devem ter em mente que a fase inicial de uma startup não é fácil. Sempre será marcada por um cenário de incertezas e que, muitas boas ideias podem, na prática, tornar-se não rentáveis ou seus produtos se revelarem de difícil aplicação. Por isso, não se pode perder de vista o próprio significado das palavras “iniciar” e “crescer”. Não deu, parta para outra. Importante também entender o momento em que o negócio deixa de ser “nascente” e passa a ser pensado e gerido como uma empresa. Não dá para ser startup a vida toda (muito comum no Brasil!).
Há vários anos venho afirmando que, infelizmente, no Brasil o conceito de startup tem sido amarrado simplesmente a novos negócios de base tecnológica e essa limitação de conceito vem trazendo alguns problemas. Um deles é a inibição da participação de empresas com ideias e negócios inovadores (muitas vezes até disruptivos) em editais públicos voltados à inovação porque o conceito do negócio envolve apenas processo e/ou uma metodologia. Essa miopia pode prejudicar muito o surgimento de startups para vários segmentos de negócios.
Como pesquisador e estudioso de inovação, no meu entender há 3 fatores que diferenciam uma startup de um novo negócio originado por um empreendedor comum: o primeiro fator está relacionado à ideia que originou o negócio, que deve ser inovadora (um app para ligar dois pontos, na grande maioria das vezes, já não é mais inovador!). Importante que essa ideia traga uma proposta de valor diferenciada e, de preferência, difícil de ser “rapidamente” imitada (porque, negócios são copiáveis!); o segundo fator está relacionado à escalabilidade do negócio, ou seja, ter como alvo um mercado grande (de preferência gigante) para que possa crescer rapidamente. Finalmente, o terceiro mas não menos importante, está relacionado à constituição da equipe, a complementariedade de competências e o “brilho nos olhos” dos empreendedores que vão tocar o negócio.
O que é fogo e o que é fumaça?
Confesso que vejo com um misto de euforia e preocupação essa efervescência do movimento de startups. Diariamente, assistimos ao surgimento de uma enxurrada de concursos de startups, aceleradoras anunciando programas, editais, pitches, labs e coworkings. Como mentor, tenho tido oportunidades únicas de conviver com empreendedores diversos e, não raro, ouço expressões como: “Esse app vai me deixar rico”, “Com essa ideia vou destruir os bancos” etc. Como disse anteriormente, novos negócios que não cumpram os requisitos importantes do conceito de startup não deveriam ser classificados como tal e, simplesmente, como uma “microempresa” (ideias muito simples, copiáveis e não escaláveis). Infelizmente, temos vistos muita arrogância de empreendedores, que se acham verdadeiros Elon Musk ou Steve Jobs, mas na verdade com ideias comuns para negócios comuns. Muito cuidado!
Como uma epidemia, o movimento e o desejo de criar, apoiar, colaborar e investir em uma startup chegou forte ao mundo corporativo, aos governos, às entidades de classe e às universidades. De repente, o Brasil inteiro parece ter despertado de sua letargia e está correndo atrás para se integrar ao bonde da inovação e das startups. É um movimento frenético e repleto de oportunidades, sobretudo para as pessoas que têm uma comichão por empreender e, claro, para as empresas que estão enxergando nas startups um elixir de rejuvenescimento automático.
Mas atenção, tenho visto muita fumaça e pouco fogo. Bolhas são criadas e estouram, deixando um vazio. Modismos vêm e vão. Uma coisa é certa: não se cria ecossistema de inovação na “canetada”. É óbvio que incentivar o empreendedorismo e a inovação é obrigação de todos, especialmente governos e entidades de fomento. Mas, não basta decretar que está criado um ecossistema de inovação. É preciso entusiasmar os jovens com projetos interessantes, atrair pessoas inovadoras, incentivar pesquisas, criar um ambiente de troca experiências, colaboração e aprendizado (inclusive com os fracassos), aglutinar mentores, investidores, empresários e potenciais clientes que possam contribuir com o desenvolvimento e refinamento das ideias e fomentar negócios de sucesso.
Não precisa ser um visionário para entender que se ampliarmos a boca do funil de empreendedores e de inovações, na outra extremidade sairá um grande número de excelentes negócios, que por sua vez, farão surgir outros negócios, realimentando a economia e criando não somente riqueza, mas também resolvendo importantes problemas das empresas e da sociedade, incluindo gente da base da pirâmide e gerando um círculo virtuoso.
De 2004 para 2017, o interesse pelo tema startup cresceu vertiginosamente. Seja embalado pela transformação digital, seja pelos sucessos retumbantes do Vale do Silício, que cristaliza o que há de mais notório em termos de ecossistema de inovação que gera negócios exponenciais e bilionários (mas não se pode deixar de mencionar outros ecossistemas igualmente pujantes como Boston, Israel, Canadá etc.). A verdade é que o empreendedorismo nacional ganhou corpo e está atraindo investidores do mundo inteiro, apesar da crise que estamos vivendo.
Mas é necessário muito trabalho para colocar uma startup no topo e mais trabalho e inovação constante para mantê-la lá, como uma empresa que cultiva a “cultura startup”.
Acontece que, ao se transformar em uma empresa, corre-se o risco de tornar-se hierárquica e burocrática, ficando para trás a criatividade e agilidade, características básicas do seu nascimento. Na minha visão, o modelo de gestão originário no Século XX não se encaixa mais nos dias atuais, sendo necessária a migração para um modelo colaborativo, que provoque continuamente uma cultura de inovação. A Plataforma KER foi pensada para ajudar, não somente as organizações, mas também as startups crescerem numa gestão colaborativa.
Temos bons exemplos de startups brasileiras que despontaram há algum tempo, como a 99, que este ano recebeu investimento da Didi (Chinesa) e da Softbank (Japonesa). Muitos até já a estão consideranda a primeira unicórnio brasileira. Neste ponto a Argentina está dando um olé em nós: possui três (Despegar, Mercado Libre e OLX)!
E como isso está refletindo nas empresas?
As startups têm sido frequentemente associadas com inovação, velocidade de operação, arrojo, ousadia e modernidade de modelos de negócio. Que companhia não quer ser associada a estas características? Mas, como reproduzir esse DNA de startups no coração das empresas, a base da economia?
De acordo com um recente estudo do INSEAD e 500 Startups, denominado “How do the Worlds Biggest Companies Deal with the Startup Revolution” (Como as Maiores Companhias do Mundo Lidam com a Revolução das Startups, em tradução livre), há uma forte correlação entre as companhias mais bem posicionadas no ranking de 500 maiores empresas do mundo, feito pela revista Forbes, e o engajamento com startups. As primeiras 100 empresas têm uma taxa de engajamento da ordem de 68%, ou seja, 2 vezes mais que as últimas posicionadas no ranking. O que isso nos diz? Quanto mais próxima de startups e impregnada de seu modus operandi, mais chance de a empresa ser inovadora e bem sucedida.
E isso também vale para o Brasil?
Claro! Mas não se engane, não é simples. Considere que somos uma economia de estrutura arcaica e engessada, construída e solidificada ao longo de séculos sobre commodities. Nossa estrutura industrial é restrita e nossos expoentes ainda são produtos de baixo valor agregado como café, soja, ferro, carne. O desafio de modernizar e diversificar essa estrutura é gigante. Soma-se a este DNA antigo e restrito, a pressão por implantar a transformação digital nos negócios, o que significa acesso a uma fartura incrível de novas tecnologias e oportunidades, mas também uma fonte de inúmeros problemas.
Todo cuidado é pouco, na minha opinião, ao relacionar inovação exclusivamente ao investimento na transformação digital. O investimento em novas tecnologias é mandatório para organizações e empresas que queiram se manter competitivas e o conceito de inovação vai mais longe. Inovação tem a ver com “gente”. No tocante a essa inter-relação, recomendo a leitura de um outro artigo meu “O seu mundo vai desaparecer”.
Como lidar com isso?
Não há travessia fácil. É preciso mudar o mindset para incorporar todas essas mudanças e mudar o sistema de gestão, tornando-o mais aberto, horizontal e participativo. E a convivência entre empresas tradicionais e startups é penosa. Não esqueçamos que a startup opera em outro dial: sua lógica é a não lógica, o disruptivo e a colaboração. Isso choca e imobiliza as grandes corporações.
Recentemente, Mark Parke, CEO da Nike confessou: “One of my fears is being this big, slow, constipated, bureaucratic company that’s happy with its success” (Um dos meus medos é ser uma empresa grande, lenta, constipada, burocrática e que é feliz com seu sucesso – numa tradução livre). Se o comandante da Nike, que é tida por nós como uma inovadora contumaz pensa desta forma, o que dizer de nossos empresários e gestores?
Como desenvolver um programa de inovação com startups?
Em busca de inovação, desenvolvimento rápido (e teste) de novos produtos, redução de custos e de riscos de inovação, empresas estão ansiosas por acessar este universo. Temos visto grandes empresas apostando na colaboração com startups em projetos de inovação, especialmente em tecnologias como big data, IoT, AI, robótica, realidade virtual e aumentada e combinações dessas e outras tecnologias que possam contribuir para capturar mais rápido os conceitos que cercam a indústria 4.0.
Trabalhar com startups pode inspirar a empresa a executar as coisas mais rapidamente. Além do que mitiga riscos e reduz o chamado “time to market”, comparado à inovação desenvolvida pelos setores de Pesquisa e Desenvolvimento. E isso vem a um custo bem mais baixo comparado com a opção de fusões e aquisições.
Os caminhos são muitos. Alguns mais fáceis, outros trabalhosos e dispendiosos. De acordo com o estudo do INSEAD citado, existem 8 caminhos para engajar com startups:
Cada um desses caminhos propostos no canivete suíço, leva a um conjunto de investimentos e riscos. Os preferidos têm sido o investimento, seja como capital de risco, seja em aceleradoras, a participação em eventos (como patrocinadores), programas de startups, que envolvem concursos (por exemplo, o Ideas For Milk, promovido pela Embrapa onde a Carrusca Innovation foi uma das realizadoras e mentoras), hackathons, startup weekends e a criação de espaços de coworking, como é o caso das iniciativas Cubo (Itaú Unibanco), Wayra (Telefônica Vivo), Oxigênio (Porto Seguro), San Pedro Valley, Atmosphera e Raja Valley (Belo Horizonte), que proporcionam espaços compartilhados para startups, conhecimento, inovação e networking. Porém, antes de sair por aí desbravando um ou mais caminhos, é crucial se perguntar o objetivo de investir tempo, esforço e dinheiro na empreitada e escolher a forma correta de executar o processo. Tudo depende dos objetivos da empresa, de sua estratégia e do investimento que se quer fazer, além é claro dos resultados esperados. Já há algum tempo, temos ajudado o mundo corporativo a buscar a inovação não só incentivando o empreendedorismo internamente (intraempreendedorismo), mas também externamente no entendimento e diálogo com esse novo mundo das startups.
Qual o sentido de se ter, por exemplo, uma startup corporativa? O que isso implica em termos de cultura organizacional, impactos no negócio, riscos? Já parou para pensar que sua empresa precisa estar preparada para trabalhar na velocidade da startup? Isso quer dizer que não dá para esperar o departamento de compras levar 30 dias para selecionar um fornecedor, abrir o pedido de compras, passar por 3 aprovadores diferentes e só conseguir providenciar o produto ou serviço entre 40 e 60 dias. Não deixe os millennials esperando. Sabemos que eles não têm o menor saco para burocracia e mi, mi, mis, o que aliás, é ótimo. Precisamos de pessoas que desafiem o que está aí, que criem novas soluções, que subvertam ousem e empreendam. É exatamente este o espírito de startups.
Via de regra, startups têm equipes enxutas, estrutura horizontal e todos os envolvidos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da proposta de valor para que ela alcance o resultado desejado. O ponto fundamental é não permitir que a cultura de sua empresa mate a startup. Por isso, pessoalmente, defendo que startups funcionem em coworkings ou em local fora das empresas.
Finalmente, não será com pequenos, mas com grandes pacitos cadenciados de empresas e startups, trabalhando juntas, sem discriminação, que vamos conquistar uma economia mais forte, moderna e capaz de competir na esfera global.
Como sempre digo, inovar não é evoluir o passado, é trazer o futuro para o presente. As startups estão conseguindo fazer isso melhor do que ninguém e constituem num novo mundo, mais simples, mais rápido, mais colaborativo e paradoxalmente capaz de abarcar toda a complexidade encapsulada na transformação digital.
Tags: Startup, empreendedorismo, negócios disruptivos, negócios exponenciais, mudança de mindset, transformação digital, inovação, Plataforma KER
Mauro Carrusca é estrategista em Inovação e Empreendedorismo e CEO KER INNOVATION
Engenheiro Eletrônico, Professor e Especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Babson College – USA.
Conselheiro de Empresas em Estratégia de Inovação e Visão de Futuro. Estrategista em ESG através da inovação colaborativa. Foi executivo e consultor da IBM – USA (Silicon Valley) e IBM Brasil. CEO e founder da KER Innovation. Atua como Vice-presidente de AgTech da SUCESU Minas, membro do Conselho de Inovação da ACMINAS e do Conselho de Presidentes MG e consultor da FGV. Idealizador da Plataforma KER – modelo de gestão colaborativo. Um dos realizadores do movimento de inovação aberta IDEAS FOR MILK da EMBRAPA. Idealizado do 1º coletor de dados nacional. Palestrante em eventos nacionais e internacionais.
Coautor do livro “Pinceladas de Inovação”