O Leilão 5G abriu novas e importantes perspectivas para impulsionar vários setores e também impactar a agenda ESG no país. Conectividade, streaming, telemedicina, veículos autônomos… tudo muda com o 5G. Mas, antes de mais nada é preciso que fique claro que o 5G não é uma evolução do 4G. É uma nova tecnologia que vai impulsionar de vez a conectividade no Brasil. Veja abaixo por que.
Vamos entender melhor
Na nomenclatura XG, esse “G” é de geração e, quando se trata de tecnologia, isso evolui muito rápido. Veja que no início dos anos 2000 foi lançada a terceira geração de rede móvel (3G) que, em 2018, atingiu uma velocidade média de pouco acima de 8,82 Mb/s . Hoje essa rede cobre praticamente todo território nacional, de acordo com a ANATEL.
10 anos depois já era lançada a geração 4G (rede LTE – Long Term Evolution), que melhorou principalmente a velocidade de conexão e o tráfego de dados. Isso permitiu, por exemplo, assistir vídeos em tempo real nos celulares. Para se ter uma ideia dessa evolução, a velocidade da rede 4G é mais que 2 vezes à da 3G, atingindo uma média de 19,8 Mb/s. Segundo o Ministério das comunicações, já em julho/21 teremos a disponibilidade (nas capitais) da quinta geração de rede móvel, ou 5G.
O 5G significa um salto exponencial
Repetindo, o 5G não é uma evolução do 4G e o salto será exponencial, pois essa tecnologia entrega uma velocidade de conexão 100 vezes maior que o 4G. Ou seja, saltamos de 19,8 Mb/s para 10 Gb/s (cada Gigabit/s corresponde a 125 Megabytes/s).
E não é somente a velocidade que será impactada. O 5G permitirá também uma maior capacidade de banda larga, mais dispositivos conectados ao mesmo tempo (show para IoT!), utilização de streaming com alta qualidade, menor tempo de latência (também conhecida como Ping).
Com isso, as conexões de baixa latência vão permitir inúmeras possibilidades. Além de um tempo de respostas em tempo real, traz benefícios para a telemedicina, fones de ouvidos, óculos de realidade aumentada, movimento instantâneo de um sistema de direção automática e comunicações entre carros autônomos (tanto carros comuns como veículos autônomos destinados ao agronegócio), serviços de inteligência artificial e nuvem, entre outros.
Entre todos os setores da economia que serão beneficiados por essa tecnologia, o agronegócio, sem nenhuma dúvida, é um dos principais e está rindo à toa. Um segmento fundamental da economia brasileira terá agora um mundo de oportunidades para o “agronegócio de precisão” e a possibilidade de consolidar o Brasil como o “restaurante do mundo”.
Números significativos foram obtidos no leilão – mais de R$ 47 bilhões arrecadados -, sendo que aproximadamente R$ 40 bilhões serão revertidos em investimentos para ampliar a infraestrutura de conectividade no Brasil.
E mais…
Em pleno hype do ESG, que convida as empresas a melhores práticas em três pilares: preocupações ambientais, responsabilidade social e uma governança com destaque especial para práticas mais transparentes, esse leilão significa impulsionar o desenvolvimento econômico do setor do agro pelo avanço na conectividade, geração de empregos, impostos e, principalmente, a inclusão digital que, por sua vez, tem tudo a ver com pilar social do ESG.
Uma das tecnologias que mais se beneficiarão com o 5G é a IoT (Internet das Coisas). Recomendo a leitura do artigo 7 Ways the IoT Makes Farming More Precise que mostra como essa tecnologia pode consolidar a agricultura e a pecuária de precisão.
Mauro Carrusca é estrategista de inovação e empreendedorismo e CEO da KER Innovation.
É Engenheiro Eletrônico, Professor e Especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Babson College – USA. Conselheiro de Empresas em Estratégia de Inovação e Visão de Futuro. Estrategista em ESG através da inovação colaborativa. Foi executivo e consultor da IBM – USA (Silicon Valley) e IBM Brasil. CEO e founder da KER Innovation. Atua como Vice-presidente de AgTech da SUCESU Minas, membro do Conselho de Inovação da ACMINAS e do Conselho de Presidentes MG e consultor da FGV. Idealizador da Plataforma KER – modelo de gestão colaborativo. Um dos realizadores do movimento de inovação aberta IDEAS FOR MILK da EMBRAPA. Idealizado do 1º coletor de dados nacional. Palestrante em eventos nacionais e internacionais. Coautor do livro “Pinceladas de Inovação”.
https://keroinovar.com.br/wp-content/uploads/2021/11/5g.jpg494878Kero Inovarhttps://keroinovar.com.br/wp-content/uploads/2020/05/KER-logomarca-degrade-1.pngKero Inovar2021-11-10 19:59:052024-08-28 17:26:39O que significa o “Leilão 5G” e como isso impacta o ESG
O sucesso retumbante de Despacito, primeira música em espanhol no topo das paradas americanas em 20 anos, e detentora de 3,8 bilhões de views no Youtube, enseja uma comparação curiosa com o movimento de startups, que aparece na atualidade nas paradas do mundo dos negócios. Têm em comum um mindset: ir longe.
Hoje, 9 em cada 10 executivos estão preocupados com startups e seu crescente poder.
O hit, batido e repetitivo, é do tipo chiclete clássico: gruda na cabeça da gente, amemos ou odiemos. Como curioso de plantão, fui atrás da história de Despacito e confirmei que, como tudo no sempre mutante mundo dos negócios, nada é mero acaso. Nas palavras de seus criadores, “Despacito foi gestado para ir longe”. Este é justamente o mindset das startpus.
No universo do empreendedorismo, pacito a pacito, as startups estão criando um novo mundo dentro do velho mundo, subvertendo o status quo do management e as lógicas da velocidade, do acesso, dos modelos de produção, comercialização e consumo. Para entender a dinâmica desse movimento é fundamental antes compreender o que significa a jornada de empreender e, sem firulas, o que é uma verdadeira startup.
Para começo de conversa
Empreender não é para qualquer um. Empreendo desde que entendi que ganhar a vida depende exclusivamente de nós mesmos. Dentre várias iniciativas na minha juventude, a que realmente avançou foi quando decidi deixar a IBM com a convicção (sonhadora!) de deixar minha contribuição para a sociedade. Persisti e resisti a vários momentos críticos, tanto pessoais como do contexto econômico (planos econômicos mirabolantes, inflação galopante…). Após 24 anos como empresário, posso afirmar que vejo algumas verdades e muitos mitos que pairam sobre o conceito de empreendedorismo e do sucesso do negócio e é por isso que faço algumas provocações a respeito do assunto. Uma grande ideia faz um grande empreendedor? Empreender é fácil? É para qualquer um? É ganhar muito dinheiro
e ficar rico? É não ter mais patrão? É ficar famoso? É poder contar com o PAI-trocínio ou com aportes de investidores? Um executivo de uma grande empresa é um “empreendedor natural”? Possuir as características marcantes do empreendedor como visão, resiliência, risco calculado, entre outras é o suficiente para empreender? Fica claro que o somatório de algumas respostas pode ajudar e, em outros casos, pode até atrapalhar na formação de um negócio de sucesso. Uma coisa é certa: não dá pra brincar de empreender. Sai muito caro e gera muitas frustações.
A professora Jessica Bruder da Universidade de Columbia no artigo The Psychological Price of Entrepreneurship traduz muito bem o ímpeto do empreender: “É como um homem cavalgando num leão. As pessoas pensam: ‘Esse cara é corajoso’. E ele está pensando: ‘Como eu vim parar em cima de um leão e como eu faço para ele não me devorar?’” . Seja qual for a situação, a grama do vizinho sempre parece mais verdinha do que realmente é.
O mesmo artigo cita problemas que são muito mais frequentes do que se imagina e que, a cada dia, mais e mais empreendedores começaram a falar sobre eles: a depressão e a ansiedade. Recomendo a leitura por considerar esses pontos fatores muito impactantes porque podem não somente impedir que o novo negócio prospere, mas inclusive, fazê-lo declinar.
Considero isso importante para podermos entender melhor o momento que estamos vivenciando com a chegada das startups. Até onde venho acompanhando e enxergando, muitos dos empreendedores que se dizem “empreendedores de uma startup” poderão passar por decepções justamente por não terem entendido (ou não conhecerem) a origem e o real significado de um negócio que podemos denominar como startup.
Só para se ter uma ideia, segundo uma pesquisa feita por Shikhar Ghosh, professor da Harvard Business School, a estatística é que, 3 em cada 4 startups fracassam e mais de 95% das startups ficam aquém de suas projeções iniciais. Corroborando essa tese, outro estudo da FDC com 221 startups mostrou que 25% das startups brasileiras morrem antes do primeiro ano de vida e que 50% antes de completar 4 anos de existência. O estudo apontou o local de instalação, o número de sócios e o volume do capital investido como as 3 principais causas dessa alta taxa de mortalidade. Como há mais de uma década acompanho esse movimento, cito ainda outras três causas que, ao meu ver, contribuem para engrossar essa estatística: acreditar numa ideia sem uma visão crítica do seu grau de inovação, a fragilidade na proposta de valor e a falta de definição do tamanho do mercado em questão.
Quando um novo negócio é uma startup?
O termo startup começou a ser utilizado por volta dos anos 90 nos Estados Unidos, época da “bolha da internet” e designava empresas recém-criadas por empreendedores com ideias inovadoras e que prometiam um crescimento muito rápido. Os empreendedores com ideias mais inovadoras conseguiam até financiamento para seus projetos, desde que se mostrassem sustentáveis, com possibilidade crescimento e de retorno rápido.
A grande explosão desse movimento aconteceu no Vale do Silício e me considero um privilegiado, pois na época era engenheiro da IBM Silicon Valley e vi de perto esse movimento se expandir. Foi lá que nasceram empresas como Apple, Microsoft, Tesla, Google, Facebook, Uber e tantas outras. Todas começaram como startups e hoje são líderes globais. Os empreendedores devem ter em mente que a fase inicial de uma startup não é fácil. Sempre será marcada por um cenário de incertezas e que, muitas boas ideias podem, na prática, tornar-se não rentáveis ou seus produtos se revelarem de difícil aplicação. Por isso, não se pode perder de vista o próprio significado das palavras “iniciar” e “crescer”. Não deu, parta para outra. Importante também entender o momento em que o negócio deixa de ser “nascente” e passa a ser pensado e gerido como uma empresa. Não dá para ser startup a vida toda (muito comum no Brasil!).
Há vários anos venho afirmando que, infelizmente, no Brasil o conceito de startup tem sido amarrado simplesmente a novos negócios de base tecnológica e essa limitação de conceito vem trazendo alguns problemas. Um deles é a inibição da participação de empresas com ideias e negócios inovadores (muitas vezes até disruptivos) em editais públicos voltados à inovação porque o conceito do negócio envolve apenas processo e/ou uma metodologia. Essa miopia pode prejudicar muito o surgimento de startups para vários segmentos de negócios.
Como pesquisador e estudioso de inovação, no meu entender há 3 fatores que diferenciam uma startup de um novo negócio originado por um empreendedor comum: o primeiro fator está relacionado à ideia que originou o negócio, que deve ser inovadora (um app para ligar dois pontos, na grande maioria das vezes, já não é mais inovador!). Importante que essa ideia traga uma proposta de valor diferenciada e, de preferência, difícil de ser “rapidamente” imitada (porque, negócios são copiáveis!); o segundo fator está relacionado à escalabilidade do negócio, ou seja, ter como alvo um mercado grande (de preferência gigante) para que possa crescer rapidamente. Finalmente, o terceiro mas não menos importante, está relacionado à constituição da equipe, a complementariedade de competências e o “brilho nos olhos” dos empreendedores que vão tocar o negócio.
O que é fogo e o que é fumaça?
Confesso que vejo com um misto de euforia e preocupação essa efervescência do movimento de startups. Diariamente, assistimos ao surgimento de uma enxurrada de concursos de startups, aceleradoras anunciando programas, editais, pitches, labs e coworkings. Como mentor, tenho tido oportunidades únicas de conviver com empreendedores diversos e, não raro, ouço expressões como: “Esse app vai me deixar rico”, “Com essa ideia vou destruir os bancos” etc. Como disse anteriormente, novos negócios que não cumpram os requisitos importantes do conceito de startup não deveriam ser classificados como tal e, simplesmente, como uma “microempresa” (ideias muito simples, copiáveis e não escaláveis). Infelizmente, temos vistos muita arrogância de empreendedores, que se acham verdadeiros Elon Musk ou Steve Jobs, mas na verdade com ideias comuns para negócios comuns. Muito cuidado!
Como uma epidemia, o movimento e o desejo de criar, apoiar, colaborar e investir em uma startup chegou forte ao mundo corporativo, aos governos, às entidades de classe e às universidades. De repente, o Brasil inteiro parece ter despertado de sua letargia e está correndo atrás para se integrar ao bonde da inovação e das startups. É um movimento frenético e repleto de oportunidades, sobretudo para as pessoas que têm uma comichão por empreender e, claro, para as empresas que estão enxergando nas startups um elixir de rejuvenescimento automático.
Mas atenção, tenho visto muita fumaça e pouco fogo. Bolhas são criadas e estouram, deixando um vazio. Modismos vêm e vão. Uma coisa é certa: não se cria ecossistema de inovação na “canetada”. É óbvio que incentivar o empreendedorismo e a inovação é obrigação de todos, especialmente governos e entidades de fomento. Mas, não basta decretar que está criado um ecossistema de inovação. É preciso entusiasmar os jovens com projetos interessantes, atrair pessoas inovadoras, incentivar pesquisas, criar um ambiente de troca experiências, colaboração e aprendizado (inclusive com os fracassos), aglutinar mentores, investidores, empresários e potenciais clientes que possam contribuir com o desenvolvimento e refinamento das ideias e fomentar negócios de sucesso.
Não precisa ser um visionário para entender que se ampliarmos a boca do funil de empreendedores e de inovações, na outra extremidade sairá um grande número de excelentes negócios, que por sua vez, farão surgir outros negócios, realimentando a economia e criando não somente riqueza, mas também resolvendo importantes problemas das empresas e da sociedade, incluindo gente da base da pirâmide e gerando um círculo virtuoso.
De 2004 para 2017, o interesse pelo tema startup cresceu vertiginosamente. Seja embalado pela transformação digital, seja pelos sucessos retumbantes do Vale do Silício, que cristaliza o que há de mais notório em termos de ecossistema de inovação que gera negócios exponenciais e bilionários (mas não se pode deixar de mencionar outros ecossistemas igualmente pujantes como Boston, Israel, Canadá etc.). A verdade é que o empreendedorismo nacional ganhou corpo e está atraindo investidores do mundo inteiro, apesar da crise que estamos vivendo.
Mas é necessário muito trabalho para colocar uma startup no topo e mais trabalho e inovação constante para mantê-la lá, como uma empresa que cultiva a “cultura startup”.
Acontece que, ao se transformar em uma empresa, corre-se o risco de tornar-se hierárquica e burocrática, ficando para trás a criatividade e agilidade, características básicas do seu nascimento. Na minha visão, o modelo de gestão originário no Século XX não se encaixa mais nos dias atuais, sendo necessária a migração para um modelo colaborativo, que provoque continuamente uma cultura de inovação. A Plataforma KERfoi pensada para ajudar, não somente as organizações, mas também as startups crescerem numa gestão colaborativa.
Temos bons exemplos de startups brasileiras que despontaram há algum tempo, como a 99, que este ano recebeu investimento da Didi (Chinesa) e da Softbank (Japonesa). Muitos até já a estão consideranda a primeira unicórnio brasileira. Neste ponto a Argentina está dando um olé em nós: possui três (Despegar, Mercado Libre e OLX)!
E como isso está refletindo nas empresas?
As startups têm sido frequentemente associadas com inovação, velocidade de operação, arrojo, ousadia e modernidade de modelos de negócio. Que companhia não quer ser associada a estas características? Mas, como reproduzir esse DNA de startups no coração das empresas, a base da economia?
De acordo com um recente estudo do INSEAD e 500 Startups, denominado “How do the Worlds Biggest Companies Deal with the Startup Revolution” (Como as Maiores Companhias do Mundo Lidam com a Revolução das Startups, em tradução livre), há uma forte correlação entre as companhias mais bem posicionadas no ranking de 500 maiores empresas do mundo, feito pela revista Forbes, e o engajamento com startups. As primeiras 100 empresas têm uma taxa de engajamento da ordem de 68%, ou seja, 2 vezes mais que as últimas posicionadas no ranking. O que isso nos diz? Quanto mais próxima de startups e impregnada de seu modus operandi, mais chance de a empresa ser inovadora e bem sucedida.
E isso também vale para o Brasil?
Claro! Mas não se engane, não é simples. Considere que somos uma economia de estrutura arcaica e engessada, construída e solidificada ao longo de séculos sobre commodities. Nossa estrutura industrial é restrita e nossos expoentes ainda são produtos de baixo valor agregado como café, soja, ferro, carne. O desafio de modernizar e diversificar essa estrutura é gigante. Soma-se a este DNA antigo e restrito, a pressão por implantar a transformação digital nos negócios, o que significa acesso a uma fartura incrível de novas tecnologias e oportunidades, mas também uma fonte de inúmeros problemas.
Todo cuidado é pouco, na minha opinião, ao relacionar inovação exclusivamente ao investimento na transformação digital. O investimento em novas tecnologias é mandatório para organizações e empresas que queiram se manter competitivas e o conceito de inovação vai mais longe. Inovação tem a ver com “gente”. No tocante a essa inter-relação, recomendo a leitura de um outro artigo meu “O seu mundo vai desaparecer”.
Como lidar com isso?
Não há travessia fácil. É preciso mudar o mindset para incorporar todas essas mudanças e mudar o sistema de gestão, tornando-o mais aberto, horizontal e participativo. E a convivência entre empresas tradicionais e startups é penosa. Não esqueçamos que a startup opera em outro dial: sua lógica é a não lógica, o disruptivo e a colaboração. Isso choca e imobiliza as grandes corporações.
Recentemente, Mark Parke, CEO da Nike confessou: “One of my fears is being this big, slow, constipated, bureaucratic company that’s happy with its success” (Um dos meus medos é ser uma empresa grande, lenta, constipada, burocrática e que é feliz com seu sucesso – numa tradução livre). Se o comandante da Nike, que é tida por nós como uma inovadora contumaz pensa desta forma, o que dizer de nossos empresários e gestores?
Como desenvolver um programa de inovação com startups?
Em busca de inovação, desenvolvimento rápido (e teste) de novos produtos, redução de custos e de riscos de inovação, empresas estão ansiosas por acessar este universo. Temos visto grandes empresas apostando na colaboração com startups em projetos de inovação, especialmente em tecnologias como big data, IoT, AI, robótica, realidade virtual e aumentada e combinações dessas e outras tecnologias que possam contribuir para capturar mais rápido os conceitos que cercam a indústria 4.0.
Trabalhar com startups pode inspirar a empresa a executar as coisas mais rapidamente. Além do que mitiga riscos e reduz o chamado “time to market”, comparado à inovação desenvolvida pelos setores de Pesquisa e Desenvolvimento. E isso vem a um custo bem mais baixo comparado com a opção de fusões e aquisições.
Os caminhos são muitos. Alguns mais fáceis, outros trabalhosos e dispendiosos. De acordo com o estudo do INSEAD citado, existem 8 caminhos para engajar com startups:
Cada um desses caminhos propostos no canivete suíço, leva a um conjunto de investimentos e riscos. Os preferidos têm sido o investimento, seja como capital de risco, seja em aceleradoras, a participação em eventos (como patrocinadores), programas de startups, que envolvem concursos (por exemplo, o Ideas For Milk, promovido pela Embrapa onde a Carrusca Innovation foi uma das realizadoras e mentoras), hackathons, startup weekends e a criação de espaços de coworking, como é o caso das iniciativas Cubo (Itaú Unibanco), Wayra (Telefônica Vivo), Oxigênio (Porto Seguro), San Pedro Valley, Atmosphera e Raja Valley (Belo Horizonte), que proporcionam espaços compartilhados para startups, conhecimento, inovação e networking. Porém, antes de sair por aí desbravando um ou mais caminhos, é crucial se perguntar o objetivo de investir tempo, esforço e dinheiro na empreitada e escolher a forma correta de executar o processo. Tudo depende dos objetivos da empresa, de sua estratégia e do investimento que se quer fazer, além é claro dos resultados esperados. Já há algum tempo, temos ajudado o mundo corporativo a buscar a inovação não só incentivando o empreendedorismo internamente (intraempreendedorismo), mas também externamente no entendimento e diálogo com esse novo mundo das startups.
Qual o sentido de se ter, por exemplo, uma startup corporativa? O que isso implica em termos de cultura organizacional, impactos no negócio, riscos? Já parou para pensar que sua empresa precisa estar preparada para trabalhar na velocidade da startup? Isso quer dizer que não dá para esperar o departamento de compras levar 30 dias para selecionar um fornecedor, abrir o pedido de compras, passar por 3 aprovadores diferentes e só conseguir providenciar o produto ou serviço entre 40 e 60 dias. Não deixe os millennials esperando. Sabemos que eles não têm o menor saco para burocracia e mi, mi, mis, o que aliás, é ótimo. Precisamos de pessoas que desafiem o que está aí, que criem novas soluções, que subvertam ousem e empreendam. É exatamente este o espírito de startups.
Via de regra, startups têm equipes enxutas, estrutura horizontal e todos os envolvidos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da proposta de valor para que ela alcance o resultado desejado. O ponto fundamental é não permitir que a cultura de sua empresa mate a startup. Por isso, pessoalmente, defendo que startups funcionem em coworkings ou em local fora das empresas.
Finalmente, não será com pequenos, mas com grandes pacitos cadenciados de empresas e startups, trabalhando juntas, sem discriminação, que vamos conquistar uma economia mais forte, moderna e capaz de competir na esfera global.
Como sempre digo, inovar não é evoluir o passado, é trazer o futuro para o presente. As startups estão conseguindo fazer isso melhor do que ninguém e constituem num novo mundo, mais simples, mais rápido, mais colaborativo e paradoxalmente capaz de abarcar toda a complexidade encapsulada na transformação digital.
Tags: Startup, empreendedorismo, negócios disruptivos, negócios exponenciais, mudança de mindset, transformação digital, inovação, Plataforma KER
Mauro Carrusca é estrategista em Inovação e Empreendedorismo e CEO KER INNOVATION
Engenheiro Eletrônico, Professor e Especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Babson College – USA. Conselheiro de Empresas em Estratégia de Inovação e Visão de Futuro. Estrategista em ESG através da inovação colaborativa. Foi executivo e consultor da IBM – USA (Silicon Valley) e IBM Brasil. CEO e founder da KER Innovation. Atua como Vice-presidente de AgTech da SUCESU Minas, membro do Conselho de Inovação da ACMINAS e do Conselho de Presidentes MG e consultor da FGV. Idealizador da Plataforma KER – modelo de gestão colaborativo. Um dos realizadores do movimento de inovação aberta IDEAS FOR MILK da EMBRAPA. Idealizado do 1º coletor de dados nacional. Palestrante em eventos nacionais e internacionais. Coautor do livro “Pinceladas de Inovação”
https://keroinovar.com.br/wp-content/uploads/2021/11/broto_novo.jpg10671600Kero Inovarhttps://keroinovar.com.br/wp-content/uploads/2020/05/KER-logomarca-degrade-1.pngKero Inovar2021-11-09 18:29:362024-08-28 17:26:39Startups: Um novo mundo dentro do velho mundo
Como a IA está contribuindo para transformar a relação cliente-banco e como isso afeta a cadeia de valor do setor.
by Mauro Carrusca
Os avanços que assistimos em todas as áreas dão mostra do que está por vir. Em breve, operações que envolvem inteligência artificial deixarão de ser um diferencial de alguns setores para integrar quaisquer tipos de negócio, reescrevendo a arquitetura de processos, produtos, papeis e relações. O setor bancário vem se transformando e se repaginando há tempos e é um campo fértil para adoção em larga escala de inteligência artificial. O potencial e o impacto dessa área da ciência da computação que envolve diversas tecnologias para construir sistemas capazes de pensar, aprender, predizer e recomendar soluções é praticamente ilimitado e pode ressignificar, profundamente, a relação cliente-banco e mudar a ideia que temos hoje do que seja um banco.
Antes de entendermos os benefícios dessa tecnologia, gostaria de desafiá-lo a imaginar a seguinte situação:
-Filho, preciso de você hoje.
– Por que pai?
– Preciso ir ao banco verificar meu saldo e gostaria que você ficasse na fila para mim enquanto vou fazer outras coisas.
Quantos de nós já não viveu ou presenciou essa situação? Qualquer pessoa com menos de 25 anos, com certeza, achará que isso ocorreu há mais de cem anos. Na verdade, isso era um fato corriqueiro há 30 anos. E, para quem já passou por isso, deve se lembrar que, ao chegar ao caixa do banco, o mesmo iria até um arquivo físico, pegaria sua ficha para conferir a assinatura, consultaria um relatório para verificar se houve alguma movimentação na sua conta (que era realizada durante a noite), consolidava as informações numa calculadora, para então verificar o saldo e passar ao cliente, que acompanhava tudo isso pacientemente. No caso de uma movimentação de saque, o processo se repetia. Antes da popularização dos caixas eletrônicos, que só veio a acontecer nos anos 90, sofríamos com filas e senhas para atendimento para realizar pagamentos, saques ou simplesmente consultar nosso saldo. O extrato de nossa movimentação? Somente mensal e enviado pelos correios. Dá pra acreditar?
Um pouquinho de história
O primeiro banco moderno nasceu há 615 anos, precisamente em 1406 na cidade italiana de Gênova, chamado de Banco di San Giorgio. Em 1967, surge o primeiro caixa eletrônico do mundo ou ATM – Automated Teller Machine, fabricado pela empresa britânica De La Rue, mas operando ainda de forma bastante rudimentar. Na verdade, foram necessários 577 anos, a partir do nascimento do banco moderno, para que surgissem os primeiros serviços bancários eletrônicos. E isso aconteceu em 1983, na Escócia. Neste mesmo ano, o Banco Itaú lançava, em Campinas-SP, o primeiro caixa eletrônico do País que, na época, foi tratado como um grande acontecimento. O fato foi inclusive objeto de um anúncio de página inteira publicado pelo banco no Estadão, em 14 de abril de 1983: “A primeira agência bancária eletrônica funcionando dia e noite no Brasil”. Foi também no início dos anos 80 que surgiu em Curitiba, o primeiro posto do Banco 24 Horas.
No início dos anos 90, teve início a popularização dos serviços eletrônicos, mas ainda existiam naquela década muitas instituições operando exatamente como a situação descrita acima. Nos dias atuais, quando falamos em tecnologia, pensamos logo em exponencialidade, crescimento acelerado e por aí vai. Entretanto, a evolução não acontece da mesma forma, nem com a mesma rapidez e expansão em todos os setores. A evolução da tecnologia bancária no século XXI mostra isso com muita propriedade. Há 14 anos (2007) aconteceu o lançamento do iPhone e daí pra frente os smartphones, literalmente, colocaram os bancos nas nossas mãos. E há menos de um ano (novembro/20), o Banco Central liberou o funcionamento do novo sistema de pagamento instantâneo (Pix), que modernizou ainda mais a indústria bancária no Brasil, cuja taxa média de crescimento mensal de usuários é de 18% e, rapidamente, atingiu a marca das 100 milhões de chaves cadastradas (em apenas 8 meses!), de acordo com o BACEN.
Hoje, através do smartphone, podemos realizar operações bancárias das mais complexas. Tão simples como acionar um interruptor para acender a luz, não importando o quão complexas são as operações na retaguarda, seja para acender a luz ou aplicar em ações ou realizar um Pix. O Brasil, por sua complexidade inflacionária, sempre foi protagonista nesse avanço da tecnologia bancária e atualmente todo esse avanço vem sendo apoiado pelas fintechs que, usando novas tecnologias, entre elas a IA, vem alavancando todo esse movimento tecnológico do setor financeiro.
Segundo a pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2021, realizada em parceria com a Deloitte, a composição de orçamento em tecnologia para 2020 no Brasil e no mundo, considerando todos os segmentos de negócio, o setor bancário (14% Brasil e mundo) só perde pra o governo (15% Brasil e 16% mundo). O estudo mostrou também que o investimento em tecnologia cresceu 8% em 2020, sendo que a inteligência artificial, segurança cibernética e trabalho remoto são as prioridades destacadas pelos bancos.
Outro estudo, o “What’s Going On In Banking 2021: Rebounding From the Pandemic”, da Cornerstone’s, mostrou as 5 tecnologias mais aguardadas para este ano: Digital Account Opening, Application Programming Interfaces (APIs), Video Collaboration, P2P Payments e Cloud Computing.
Não é objetivo aqui detalhar todas essas tecnologias, mas a primeira que em uma tradução literal seria “sistema bancário aberto”, vai permitir que o cliente seja dono dos seus dados. Em outras palavras, uma nova plataforma tecnológica padronizada deverá permitir que o cliente leve suas informações financeiras para onde quiser, usando a prerrogativa da portabilidade de seus próprios dados. E, quando se fala em dados, logo pensamos em análises preditivas que vão poder ser realizadas com a ajuda de sistemas de IA. Nesse ponto, o acesso às API’s vai impulsionar as fintechs, permitindo a disponibilização de serviços opcionais e até substitutos aos oferecidos pelas instituições tradicionais.
Colocado sob outro ângulo, as fintechs podem também atuar como parceiras destas instituições. No ecossistema de inovação, os bancos expandem suas parcerias e investem fortemente em experiência do usuário. Numa amostra com 16 bancos, a pesquisa FEBRABAM mostrou um aumento de 18 pontos percentuais nas parcerias, 87% (2020) contra 69% (2019). Atualmente, 45 startups de IA focam o segmento de serviços financeiros no Brasil.
Sobre a lógica do open banking, o recente artigo “Financial services unchained: The ongoing rise of open financial data” publicado pela Mckinsey, mostra que essa abertura fornecerá flexibilidade para os clientes e criará um ambiente mais complexo e competitivo. E se o open banking mantiver o ritmo acelerado de crescimento, vai redesenhar o ecossistema global de serviços financeiros, mudar a ideia de “banco” e colocará mais pressão ainda sobre as instituições tradicionais.
O estudo da Cornerstone’s mostra ainda que, apesar de todo o entusiasmo em torno das tecnologias baseadas em IA, como chatbots, aprendizado de máquina e automação de processos robóticos, poucas instituições financeiras, além das maiores, estão fazendo muito com essas ferramentas. A bem da verdade, o uso de chatbots e de outras tentativas de automatizar a interação com os clientes é um grande desafio para todos os setores. Claramente, olhando para consumidores que valorizam cada vez mais agilidade, facilidade e personalização, essa interação com bancos e cooperativas de crédito precisa ser mais significativa do que um bot permite hoje. Ou, na melhor das hipóteses, os chatbots precisam evoluir muito para evitar que os consumidores queiram interagir com uma pessoa de carne e osso.
Follow the Money
Melhor do que qualquer outro ramo, os banqueiros focam e perseguem o que literalmente lhes dá mais dinheiro. Talvez por isso, apesar de existirem conhecidos gaps entre produtos oferecidos pelas instituições bancárias e as reais expectativas dos clientes, não existe um real interesse em atendê-los, pelo menos não na velocidade que o cliente espera. Mas, essa relação confortável para os bancões começou a mudar com o aparecimento dos bancos digitais (hoje o Brasil possui 3 unicórnios do setor – Nubank, Stone e EBanx) e de soluções oferecidas pelas fintechs que habilitam praticamente qualquer empresa a oferecer serviços bancários.
Embora a IA caminhe a passos largos, englobando cada vez mais processos das instituições, no setor bancário, as aplicações ainda focam muito a melhoria de eficiência (automação e ganhos de custo e velocidade na operação) e questões relacionadas a cibersegurança (segurança de redes privadas e diagnóstico de riscos). A expectativa é que a capacidade da IA de processar vários tipos de dados não estruturados, imagens, voz, etc. e a variedade de algoritmos e ferramentas que utiliza para realizar, por exemplo, aprendizado de máquina e processamento de linguagem natural, seja cada vez mais direcionada para serviços de atendimento ao consumidor, que está ávido por simplicidade, comodidade e insights rápidos.
Para citar apenas um exemplo, o banco poderia auxiliar o cliente a gerir melhor sua carteira de investimentos e tomar decisões assertivas através análises futuras de dados, mostrando que suas posições tendem a sofrer oscilações negativas (ou positivas) no curto e médio prazo, baseadas em dados do comportamento da performance das empresas nas quais ele apostou. Soluções baseadas em Machine Learning e/ou Deep Learning para recomendação automatizada de produtos e serviços e previsão de comportamentos de clientes devem ser cada vez mais adotadas… isso é IA na veia!
Na verdade, as tecnologias disruptivas ganharam ainda mais prioridade nos investimentos em TI em 2020 quando comparadas a 2019. A inteligência artificial cresceu 10 pontos percentuais, RPA para processos de backoffice (11%) e IoT (4%). Veja quadro abaixo da pesquisa FEBRABAN:
Modelos de predição podem classificar as ações dos usuários de sistemas bancários e ajudá-los oferecendo uma jornada mais relevante e eficiente, de acordo com seus objetivos e com base em seu comportamento real. Com isso, os bancos podem oferecer soluções que têm maior fit com as demandas contemporâneas de seus clientes e melhorar suas taxas de conversão.
Also, follow the collaboration spirit
A revolução digital ajudou a alavancar conexões e colaboração em tempo real. Por conta disso, relações multilaterais começaram a prevalecer e novas experiências entre empresas e clientes estão sendo construídas todos os dias. O consumidor passou de mera audiência para se tornar produtor e difusor ativo de conhecimentos (e também de fake News!), exercendo seu poder e sua voz em relação a marcas, produtos e serviços. Esse consumidor não se contenta mais com experiências massificadas e se dispõe a colaborar na criação de soluções que atendam suas necessidades e expectativas.
O estudo Technology Vision 2020 |Accenture mostra que há um grande espaço para uma inteligência artificial como aliada da personalização das experiências digitais. Isso amplia o espectro de usos da IA não apenas para o campo funcional, mas também e principalmente para a construção de relações e experiências mais significativas para clientes de serviços bancários.
Simplificar a vida do cliente precisa ser o condão para a adoção de tecnologias, sejam elas de inteligência artificial ou não. Ampliar os canais digitais, oferecer produtos e serviços customizados e que, de fato, agreguem valor e melhorem a experiência do cliente são aspectos óbvios esperados do setor. Tudo isso em tempo real, com confiabilidade, segurança, transparência e atenção às necessidades individuais de cada cliente.
Não se pode perder de vista que a análise de dados nunca pode ser apartada dos desejos subjacentes dos clientes. Trabalhar colaborativamente, tanto com times internos heterogêneos, quanto incluindo parceiros e clientes no desenho de processos, ajuda a encurtar caminhos e criar resultados mais satisfatórios em todos os níveis. A IA é e será sempre uma grande aliada quando se sabe o que se quer dela e quando se faz uso desse incrível e ilimitado conjunto de tecnologias com uma compreensão mais ampla e, claro, com ética e responsabilidade.
Por fim, chegar no topo não é simples, mas chega-se. O mais difícil é permanecer no topo pois, o impacto da transformação digital nas pessoas é latente e o cliente muda todos os dias. Cabe às organizações compreender sempre a jornada futura do cliente da era digital e se preparar para ela. Ora, preparar-se é ter visão de futuro e a melhor forma de ter essa visão é através do que chamamos nos projetos de Inovação Colaborativa de “união de cérebros”. Recomendo a leitura do artigo “Por que inovação colaborativa faz sentido” para entender e praticar a inovação colaborativa.
Se muitos serviços são vistos como commodities quem sabe o diferencial seja justamente a adoção de uma visão mais humana e empática? É aí que a colaboração, a diversidade e uma governança colaborativa vão fazer toda diferença.
Este artigo foi originalmente publicado na revista IA Magazine, edição de agosto de 2021. Para visualizar, clique aqui.
Mauro Carrusca é especialista em Inovação e Empreendedorismo pela Babson College – USA. Conselheiro e estrategista em inovação e visão de futuro. CEO e founder da KER Innovation. Atua como Vice-presidente de AgTech da SUCESU Minas, Membro do conselho de inovação da ACMINAS e do Conselho de Presidentes MG e consultor da FGV. Foi executivo e consultor da IBM – Silicon Valley (USA) e IBM Brasil. Idealizador da Plataforma KER – modelo de gestão de gestão colaborativo. Palestrante em eventos nacionais e internacionais. Coautor do livro “Pinceladas de Inovação”. Possui MBA em Administração de Projetos e em ciência da computação. Engenheiro eletrônico e de telecomunicações pela PUC Minas.
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